- 3 minutos de leitura
*Por Matheus Laiola
A causa animal se depara diariamente com desafios complexos, mas alguns são mais irracionais e dolorosos do que outros. A discriminação baseada na cor da pelagem é um desses problemas, e afeta especialmente cães e gatos pretos. Vítimas de superstições antigas e de um preconceito enraizado, esses animais são os que mais sofrem com o abandono e a rejeição, e frequentemente se tornam alvos de maus-tratos. Combater essa crença infundada não é apenas uma questão de empatia, mas um ato de justiça e responsabilidade para com as vidas que depositam sua confiança em nós.
O chamado “black dog syndrome” ou a aversão a cachorros pretos não são meros mitos folclóricos. Eles têm um impacto real e trágico. Abrigos e ONGs de todo o país relatam que cães e gatos de pelagem preta têm as menores chances de serem adotados. A escuridão de sua pelagem, erroneamente associada à má sorte ou a presságios negativos, se torna uma sentença de solidão. Para muitos, a simples cor de seu pelo é um motivo para ignorá-los ou, pior, para infligir maus-tratos diretos.
A crença de que um gato preto pode trazer azar leva tutores irresponsáveis a abandoná-los nas ruas, como se estivessem se livrando de um objeto de má sorte. Cães pretos, que podem ser vistos como mais “agressivos” ou “intimidador”, são abandonados sem qualquer consideração por sua vida. Essa irracionalidade, que não tem base científica ou moral, resulta em um sofrimento incalculável para animais indefesos, que se veem sozinhos e vulneráveis, sem um lar, sem comida e sem proteção.
A realidade, no entanto, é que a cor da pelagem não define a personalidade ou o temperamento de um animal. Cães e gatos pretos são tão carinhosos, fiéis e brincalhões quanto qualquer outro. Eles são resilientes e, quando ganham um lar, retribuem com uma lealdade e afeto únicos. A adoção de um pet preto é, portanto, um ato de amor genuíno e de resistência contra o preconceito. É uma oportunidade de provar que a beleza e o valor de uma vida estão na essência, e não na cor da pelagem.
Eu acredito que a educação é a principal ferramenta para combater a ignorância e a crueldade. É fundamental que as campanhas de conscientização sobre a posse responsável e o combate aos maus-tratos incluam a desmistificação das superstições. Precisamos mostrar, por meio de histórias reais e inspiradoras, que um cão ou um gato preto traz felicidade, amor e sorte para um lar.
Cada adoção é uma vitória que quebra um ciclo de abandono e maus-tratos. É um gesto que diz, em voz alta, que o amor não tem cor. É um convite para que a sociedade olhe para os animais com o coração e não com o preconceito. A proteção animal é uma jornada incansável, e cada passo, por menor que seja, nos aproxima de um futuro onde a cor da pelagem de um animal não seja uma barreira para a felicidade.
Para sugestões de temas, entre em contato via WhatsApp: (41) 9529-1305. Sua contribuição é muito bem-vinda.
Até a próxima semana.
*Matheus Laiola, Deputado Federal e Delegado de Polícia Civil do Paraná
Compartilhe:
