Delegado Matheus Laiola

Animais em situação de rua: um problema de bem-estar animal e de saúde pública

*Por Matheus Laiola

A presença de animais em situação de rua é, sem dúvida, uma das faces mais visíveis e cruéis do problema do abandono. Cães e gatos, que deveriam ter um lar seguro, carinho e cuidados, se veem à mercê da violência, da fome, da sede e de doenças. Contudo, essa questão transcende a esfera do bem-estar animal individual e se consolida como um grave problema de saúde pública, com impactos diretos e indiretos na vida de toda a sociedade. A interconexão entre o sofrimento dos animais e os riscos para os humanos é o que torna a solução para esse desafio uma responsabilidade coletiva.

O abandono de animais é a raiz do problema. A cada novo animal deixado nas ruas, a superpopulação cresce de forma exponencial. Muitos tutores, por irresponsabilidade ou falta de planejamento, optam por uma solução fácil para um problema que criaram. Esse ato de maus-tratos por omissão não apenas condena o animal a uma vida de sofrimento, mas também contribui para um ciclo vicioso que afeta toda a cidade. A falta de controle populacional leva a uma quantidade crescente de animais em situação de rua, que, sem acesso a vacinas e tratamentos, se tornam hospedeiros de doenças transmissíveis, as chamadas zoonoses.

A saúde pública é a primeira a ser impactada. A população de animais em situação de rua é um vetor potencial para uma série de doenças, como raiva, leptospirose, leishmaniose e esporotricose. A raiva, por exemplo, é uma doença fatal para humanos e animais, e a vacinação é a única forma de prevenção. No entanto, animais que vivem nas ruas não têm acesso a essa proteção básica, tornando-se uma ameaça para si mesmos e para a população humana. O contato com animais doentes, seja por uma mordida ou arranhão, pode ter consequências devastadoras. É um lembrete constante de que o bem-estar animal não é uma causa isolada, mas um componente crucial da saúde coletiva.

Além das doenças, a presença de animais em situação de rua também causa problemas de segurança pública. O medo de ataques, especialmente de cães em matilhas, é uma preocupação real para os cidadãos. Muitos animais, traumatizados pela violência ou pela falta de socialização, podem se tornar agressivos em um esforço para se defender. O abandono não é apenas um ato de crueldade; ele gera um risco social que precisa ser tratado com seriedade.

A solução para esse problema complexo e multifacetado exige a união de esforços e a implementação de políticas públicas eficazes. A castração em massa é, sem dúvida, a ferramenta mais poderosa para o controle populacional, pois atua na raiz do problema. Por isso, criamos o projeto Castra+Paraná, idealizado e viabilizado pelo meu mandato através de emendas parlamentares. Com um ônibus totalmente equipado e veterinários especializados, a iniciativa já levou atendimentos gratuitos para cerca de 30 cidades, transformando a realidade de milhares de cães e gatos e reforçando o compromisso com a saúde pública. O programa construiu uma base sólida com aproximadamente 20 mil procedimentos já realizados em 2024, demonstrando um impacto crescente no controle populacional e na promoção da saúde animal. Na próxima etapa a meta é realizar mais de 40 mil castrações.

O problema dos animais em situação de rua é um reflexo direto da nossa responsabilidade como sociedade. Não podemos mais ignorar que a vida desses animais está interligada à nossa saúde e à nossa segurança. A proteção animal é um dever de todos e uma prova da nossa humanidade. Cada animal resgatado é uma vida salva, e cada vida salva é um passo em direção a um futuro mais justo e seguro para todos.

Para sugestões de temas, entre em contato via WhatsApp: (41) 9529-1305. Sua contribuição é muito bem-vinda.

Até a próxima semana.

*Matheus Laiola, Deputado Federal e Delegado de Polícia Civil do Paraná

 

 

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